terça-feira, 23 de abril de 2013

Conto 0016 A Lady versão 4.0



Quando chega final de semana nesse hospital é um silêncio que não tem fim, os que podem saem, vão passear e só voltam no outro dia, alguns só voltam na segunda feira, eu queria sair, mas, dependo de minha mãe, que definitivamente não gosta de sair.

Eu vejo os paraplégicos reclamando, ora mais, do que eles reclamam? Ainda podem pelo menos tomar banho, tocar a cadeira sozinha, fazem o CAT e tudo e eu não mexo meus braços, meu sonho era ser pelo menos paraplégica, seria bem mais independente.

Esse final de semana foi um bafafá no hospital, um grupo de pacientes estavam combinando pra sair, como eu queria ir com eles, como eu queria sair, mesmo nessa cadeira de rodas, uma balada ia me ajudar bastante, beber, ouvir musica, quanta saudade eu tenho disso.

Na segunda eles voltaram e estavam correndo as informações da festa pelo corredor, aquilo parecia um reality show, nada passava em branco, sempre saia uma informação e corria como o vento, logo todos estavam sabendo, a balada deles foi um sucesso, confesso que fiquei com inveja.

Ana uma das meninas que foi pra balada ficava ao lado da minha cama da enfermaria, os olhos dela brilhavam quando ela chegou ao hospital, eu até tentei falar com ela, mais ela veio e foi tão rápido, nem deu tempo de perguntar alguma coisa.

Eu fiquei imaginando como seria sair, primeiro pensei como eu iria beber, como segurar um copo se meu braço mal se mexia, pelo menos a música, ver gente, fiquei por alguns minutos pensando como seria, então minha mãe me avisou que estava na hora da fisioterapia.

Quando cheguei na fisioterapia contei pro fisioterapeuta minhas intenções de sair, ele me disse que eu poderia sair, que não haveria motivo pra não sair, mas, precisava de ir com um acompanhante, isso era evidente, minha mãe? Descartada! Em vários anos com meu pai, eles pouco saíram.

Mas como eu iria? Essa pergunta ficou o dia todo em minha mente, quando a noite caiu e as atividades do hospital cessaram, eu pedi pra minha mãe me levar lá em baixo, mais uma vez ela disse que não estava afim, por isso, por aquilo, eu pedi pra ela pelo menos me deixar lá.

Ela em vez de me ajudar, me deixa mais frustrada, cada vez que ela faz isso, me faz sentir mais impotente, se eu pudesse pelo menos tocar minha cadeira de rodas, mas, nem isso eu posso fazer e a única pessoa que podia me ajudar, era minha mãe e ela literalmente não faz isso.

Continua...

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