quarta-feira, 3 de abril de 2013

Conto 0011 O ativista terrorista 3.0


O pessoal me chama de maluco, não sou louco, apenas revoltado com a ignorância de nossa sociedade e com aquelas pessoas com perguntas sarcásticas e idiotas sobre deficiência, o que vou lhes contar hoje é algo corriqueiro para os deficientes, deve ter acontecido com vocês!
Certo dia estava eu parado em uma rua atendendo o telefone dentro do carro, não sabia que aquela área era perigosa, fui abordado por um meliante:

<Assaltante> Você ai, desce do carro ou estouro seus miolos!
<Eu> Amigo eu sou cadeirante! Será que você vai saber dirigir meu carro?
<Assaltante> Cara não quero saber o que tu é porra, que merda de cadeirante o que é isso? Tu é polícia?
<Eu> Não sou aleijado po! Olha minha cadeira de rodas aqui! Meu carro é adaptado não funcionam os pedais, tem que dirigir com as mãos!
<Assaltante> Puts que merda ein? Certo então vai embora e tira essa porra de carro de aleijado daqui!

Não conseguia nem sair com o carro direito do lugar, o carro estancou umas duas vezes, na terceira eu sai acelerado como um louco, pela primeira vez em minha vida a deficiência me salvou, mesmo o ladrão me chamando de aleijado e tudo, não me importei, o que importa é que eu continuei vivo e não perdi meu carro, que são minhas pernas literalmente.

Se uma vez foi um ladrão, na outra foi um policial, estava dirigindo meu carro pela via, junto com minha mãe e logo à frente avistamos uma blits, minha habilitação estava em dia e o documento do carro também, então não me preocupei, eles mandaram eu encostar o carro, quando parei o carro o policial veio ao nosso rumo e nos abordou:

<Policial> Boa noite senhor o senhor pode sair do carro com as mãos pra cima e colocar as mãos sobre o motor do carro?
<Eu> Senhor eu sou cadeirante! Não tenho como sair do carro e ficar em pé!
<Policial> Ok me desculpe e seu amigo ai do lado?
<Eu> É minha mãe senhor!
<Policial> Ok me desculpe mais uma vez! O Senhor pode me dar o documento do carro e sua carteira de motorista então?
<Eu> Estão aqui senhor!

Ele verificou que o documento e o carro estavam ok e me liberou, minha mãe disse se sentir mal com aquela situação e pediu que eu fosse pra casa, dirigi pra casa então.

Um dia estava andando na rua e uma pessoa me abordou em frente uma grande loja de departamentos, me ofereceu o cartão da mesma, disse que eu não teria anuidade e limite de crédito pré-aprovado e já poderia comprar na loja no mesmo momento, eu aceitei e preenchi os formulários.

Entrei na loja e comecei a comprar roupas que eu precisava, estava tudo bem, até eu pedir pra ir ao provador, pasmem o provador não era adaptado, claro eu fiquei irado e comecei a reclamar com todos na loja, o gerente chegou, pediu pra eu me acalmar e decidiu fechar o vestiário, para que eu pudesse me trocar com total privacidade, até que gostei, o vestiário era grande, as cabines que eram pequenas, nem dava pra cadeira entrar, em fim provei as roupas e fui pra casa.

As roupas eram legais e eu me sentia na moda, passou um mês e chegou o dia de eu pagar o cartão, fui para a loja pagar a fatura, entrei e perguntei para a atendente onde era o caixa pra pagar o cartão, ela ficou um pouco nervosa e disse que era no segundo andar, só que não tinha elevador, era uma escada rolante.

Comecei a gritar dentro da loja, chamando o gerente, isso era um insulto! Quando o gerente chegou eu liguei meu celular e comecei a gravar tudo, disse pra ele que já me bastava o caso do provador agora eu fiz o cartão e não tenho como pagar e não iria pagar, ele disse que poderia subir lá por mim e pagar, eu me neguei!

Disse pra ele que meu direito de ir e vir foi violentado naquela loja, não só uma, mais duas vezes e meu limite de aceitação tinha acabado, eu entraria com o processo contra a loja, todos ficaram pasmos, disse pra eles que eu estava gravando no meu celular, o gerente da loja me fez uma proposta, meus débitos estavam quitados, a loja pagaria meu cartão, para eu não entrar com o processo, eu adorei a proposta e ele disse que quando eu voltasse à loja, ela já estaria acessível para mim.

Continua...


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