sábado, 11 de maio de 2013

Conto 0018 Policia e Bandido



Meu nome é Manoel sou policial militar no Rio de Janeiro, certo dia estávamos entrando na comunidade com um dos vários helicópteros de segurança do Estado, eu estava derrubando os meliantes na mira de uma .50 Sniper afixada na aeronave, choviam projéteis de AK-47 eu já havia derrubado uma dezena deles, sou campeão de tiro pan-americano, mirei derrubei, a emoção de voar e atirar é uma coisa que não é pra todos, além da coordenação motora, temos as rajadas de ventos e manobras evasivas, tentando fugir da chuva de balas.

Determinado dia a aeronave deu um voo rasante, ao passar há poucos metros do chão, fui alvejado por um tiro de AK-47 e desmaiei. Acordei no hospital, com tubos enfiados em mim, na boca, nariz e nas partes intimas, pensei que havia sonhado, mas, o que acontecera fora verdade.

Primeiro eu tentei remover os cabos, não consegui, depois tentei mexer as pernas, nessa hora um arrepio me veio à coluna, só que eu senti ele até a metade da coluna e pensei que o pior teria acontecido, eu tinha ficado paraplégico.

Muitos foram os policiais que se feriram assim durante a vida e bandidos também, muitos deles eu mesmo fiz ficarem na cadeira de rodas, assinei assim meu carma, ficaria na cadeira de rodas, pagando pela minha dívida, por ter feito sofrer centenas de pessoas durante os 20 anos de guerra contra o tráfico.

Esperei algum tempo aparecer alguém, até que uma auxiliar de enfermagem entrou na UTI, a me ver acordado voltou e fechou a porta novamente, passou algum tempo e entraram a equipe de médicos e enfermeiros, começaram a tirar os tubos do meu nariz e boca, assim que pude comecei a falar.

<Eu> Eu estou paraplégico é isso?
<Médico> O senhor tem sorte de estar vivo! Levou um tiro de fuzil a queima roupa, perdeu um rim, parte do fígado, por sorte não perdeu um pulmão!
<Eu> Nossa! Tudo isso?
<Médico> O senhor tem noção de quantos dias estás em coma?
<Eu> Um dia?
<Medico> Na verdade hoje completam 45 dias!
<Eu> 45? Nossa! Como está minha família?
<Medico> Ainda não os avisamos, queríamos vê-lo primeiro, quer começar os testes de sensibilidade pra ver até onde foi o estrago em sua coluna?
<Eu> Sim claro, podemos começar então!

As noticias não foram boas, perdi sensibilidade da sétima vértebra torácica pra baixo, o médico disse que eu teria de me escrever em um programa de reabilitação em um hospital e começar a me adaptar a minha nova vida, de cadeirante.

Quando minha família chegou, junto com um grupo de amigos meus do comando da polícia, começaram a chorar, até meu coronel que era o cara mais durão que eu já tinha conhecido chorou, eu tentei tranquiliza-los dizendo que eu estava vivo e isso era o que importava! Mas não surtiu muito efeito, eles continuavam chorando.

Depois de uns dias no hospital, tive alta e a notícia que meu comandante tinha conseguido uma vaga no melhor hospital de reabilitação do país, eles me disseram que lá eu aprenderia a andar novamente, fiquei muito feliz com aquilo, passei a semana me preparando pra viagem, minha mãe insistiu em ir comigo, eu terminei cedendo, visto que mal conseguia limpar minha bunda direito.

Ao chegar no hospital fui atendido por uma excelente equipe de profissionais, eles me disseram que ia passar por exames, pedi pra eles que minha identidade de policial não fosse revelada, visto que poderia haver bandidos lá dentro e o médico confirmou que tinham bandidos lá também, fiquei receoso comigo mesmo, será que algum deles eu tinha colocado ali?

A semana toda foi de exames, enquanto isso fui conhecendo os outros pacientes, estava a passar pelo corredor em frente a uma maca, quando um dos pacientes me cuspiu, eu olhei e lá estava um cara deitado de bruços, perguntei a ele porque me cuspiu?

<Paciente> Seu policial FDP! Estou nessa cadeira de rodas por sua causa, você não lembra né? Mas eu lembro do seu rosto arrastando meu corpo pelo chão, não me basta ter me dado 6 tiros, fiquei mais de um ano internado no hospital penitenciário, me mandaram pra cadeia, fiquei 5 anos preso e ganhei essa maldita escara de brinde!

<Eu> Se isso fosse fora daqui, tu sabe que eu já teria te derrubado dessa cama né seu merda? Não fui eu que te coloquei ai, foi você que escolheu esse caminho, o do crime e claro, cruzou o meu de policial, que te acertei em cheio, você e dezenas de outros e não me arrependo!
<Paciente> Seu FDP eu que queria poder sentar pra ir ai quebrar sua cara, seu policial escroto!

No meio da discussão chegou o enfermeiro, junto com o segurança e pediu pra nos acalmarmos, o segurança saiu tocando minha cadeira dali e pedindo pra eu ter calma, porque aquele não era o único bandido que tinha ali dentro e que eu teria de ter muita calma com eles, estava vendo que minha estadia ali seria longa...

Continua...

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Hoje o blog passou de 1.000 visitas! Muito obrigado a todos vocês!


Em certa reunião de um grupo de amigos, me foi sugerido escrever um blog contando nossa história, visto que como vocês leram nesses últimos meses de publicação, existem muitas coisas intimas, cujas pessoas não tem coragem de postar, eles me incentivaram, disseram que eu sabia escrever, que já tinha escrito livros e porque não blogs?

Confesso que de blog mesmo eu não entendo muita coisa, visto que uso meus blogs com a interface que o próprio blog me dá, já me ofereceram pra mudar o layout, pra fazer site do blog, etc... Como o reabilitando a distância tem mais de 17.000 visualizações e até hoje está em seu formato original, penso que o que vale é o conteúdo do blog, prova essa que hoje chegamos as 1.000 visitas com a mesma cara.

Comecei a escrever as histórias que fui lembrando, de cada um de vocês amigos, como me pediram não coloquei vossos nomes e esse segredo levarei pro tumulo, agradeço o incentivo e confesso pra vocês, escrever é viciante! Muito obrigado aos que me incentivaram muito obrigado aos leitores e muito obrigado a vocês que compartilham nas redes sociais!

O blog foi feito pra vocês!

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Conto 0017 O cadeirante psicótico 2.0


Estava eu voltando do clube de tiro, confesso que estava adorando aqueles treinos de tiro, já sabia operar carabinas e pistolas de pressão, agora passara a também operar armas de fogo e cada vez mais eu gostava daquilo, já não conseguia viver sem!

Fiz muitos amigos no clube de tiro, todos eles relatavam dia após dia, o acontecimento da violação de seus direitos, eu perguntava porque eles não faziam nada, por isso, por aquilo, em resumo, por preguiça e preconceito de ser taxado de chato, mas, deixar os outros tirarem sarro da cara deles pode! Era isso que eu não admitia.

Um belo dia estava voltando do clube de tiro e parei na frente da casa de um amigo pra lhe entregar algumas munições que ele havia pedido, estava eu montando a cadeira quando notei a aproximação de um meliante pela calçada, logo peguei uma pistola e coloquei em baixo da perna fingindo que não o estava vendo, ele chegou e me abordou:

<Meliante> Boa noite senhor! O senhor tem algum trocado que possa me dar?
<Eu> Não amigo estou sem dinheiro! (Realmente não tinha um centavo no bolso)
<Meliante> Podia te assaltar agora hein aleijadinho FDP!
<Eu> Ô cara tu já ouviu fala das olimpíadas, quem te a corrida?
<Meliante> Que corrida o que seu FDP tá me tirando?
<Eu> Não! Mas é o que você vai fazer agora! Corre!

Apontei a arma pra ele e ele saiu correndo feito um louco na rua, nunca imaginou que um cara em uma cadeira de rodas iria abordá-lo tão agressivamente daquela forma, tratei de olhar pros outros lados e ver se não havia mais algum, foi quando vi outros dois próximo da porta do passageiro do meu carro, parados, pareciam estátuas!
<Eu> Ei vocês dois ai, corram também se não passo fogo em vocês!

Quando eles saíram correndo, não me senti seguro naquela área, tratei de tirar o carro dali. Fiquei pensando comigo, nem as pessoas com deficiência os bandidos perdoam hoje, não fosse ter entrado na aula de tiro e estar armado, não quero nem pensar no que poderiam ter feito comigo, mas, eu continuo na ativa, armado e perigoso com os infratores.

Continua...