Meu nome
é Manoel sou policial militar no Rio de Janeiro, certo dia estávamos entrando
na comunidade com um dos vários helicópteros de segurança do Estado, eu estava
derrubando os meliantes na mira de uma .50 Sniper afixada na aeronave, choviam
projéteis de AK-47 eu já havia derrubado uma dezena deles, sou campeão de tiro
pan-americano, mirei derrubei, a emoção de voar e atirar é uma coisa que não é
pra todos, além da coordenação motora, temos as rajadas de ventos e manobras evasivas,
tentando fugir da chuva de balas.
Determinado
dia a aeronave deu um voo rasante, ao passar há poucos metros do chão, fui
alvejado por um tiro de AK-47 e desmaiei. Acordei no hospital, com tubos
enfiados em mim, na boca, nariz e nas partes intimas, pensei que havia sonhado,
mas, o que acontecera fora verdade.
Primeiro
eu tentei remover os cabos, não consegui, depois tentei mexer as pernas, nessa
hora um arrepio me veio à coluna, só que eu senti ele até a metade da coluna e
pensei que o pior teria acontecido, eu tinha ficado paraplégico.
Muitos
foram os policiais que se feriram assim durante a vida e bandidos também,
muitos deles eu mesmo fiz ficarem na cadeira de rodas, assinei assim meu carma,
ficaria na cadeira de rodas, pagando pela minha dívida, por ter feito sofrer
centenas de pessoas durante os 20 anos de guerra contra o tráfico.
Esperei
algum tempo aparecer alguém, até que uma auxiliar de enfermagem entrou na UTI, a
me ver acordado voltou e fechou a porta novamente, passou algum tempo e entraram
a equipe de médicos e enfermeiros, começaram a tirar os tubos do meu nariz e
boca, assim que pude comecei a falar.
<Eu>
Eu estou paraplégico é isso?
<Médico>
O senhor tem sorte de estar vivo! Levou um tiro de fuzil a queima roupa, perdeu
um rim, parte do fígado, por sorte não perdeu um pulmão!
<Eu>
Nossa! Tudo isso?
<Médico>
O senhor tem noção de quantos dias estás em coma?
<Eu>
Um dia?
<Medico>
Na verdade hoje completam 45 dias!
<Eu>
45? Nossa! Como está minha família?
<Medico>
Ainda não os avisamos, queríamos vê-lo primeiro, quer começar os testes de
sensibilidade pra ver até onde foi o estrago em sua coluna?
<Eu>
Sim claro, podemos começar então!
As
noticias não foram boas, perdi sensibilidade da sétima vértebra torácica pra
baixo, o médico disse que eu teria de me escrever em um programa de
reabilitação em um hospital e começar a me adaptar a minha nova vida, de
cadeirante.
Quando
minha família chegou, junto com um grupo de amigos meus do comando da polícia,
começaram a chorar, até meu coronel que era o cara mais durão que eu já tinha
conhecido chorou, eu tentei tranquiliza-los dizendo que eu estava vivo e isso
era o que importava! Mas não surtiu muito efeito, eles continuavam chorando.
Depois de
uns dias no hospital, tive alta e a notícia que meu comandante tinha conseguido
uma vaga no melhor hospital de reabilitação do país, eles me disseram que lá eu
aprenderia a andar novamente, fiquei muito feliz com aquilo, passei a semana me
preparando pra viagem, minha mãe insistiu em ir comigo, eu terminei cedendo,
visto que mal conseguia limpar minha bunda direito.
Ao chegar
no hospital fui atendido por uma excelente equipe de profissionais, eles me
disseram que ia passar por exames, pedi pra eles que minha identidade de
policial não fosse revelada, visto que poderia haver bandidos lá dentro e o
médico confirmou que tinham bandidos lá também, fiquei receoso comigo mesmo,
será que algum deles eu tinha colocado ali?
A semana
toda foi de exames, enquanto isso fui conhecendo os outros pacientes, estava a
passar pelo corredor em frente a uma maca, quando um dos pacientes me cuspiu,
eu olhei e lá estava um cara deitado de bruços, perguntei a ele porque me
cuspiu?
<Paciente>
Seu policial FDP! Estou nessa cadeira de rodas por sua causa, você não lembra
né? Mas eu lembro do seu rosto arrastando meu corpo pelo chão, não me basta ter
me dado 6 tiros, fiquei mais de um ano internado no hospital penitenciário, me
mandaram pra cadeia, fiquei 5 anos preso e ganhei essa maldita escara de
brinde!
<Eu>
Se isso fosse fora daqui, tu sabe que eu já teria te derrubado dessa cama né
seu merda? Não fui eu que te coloquei ai, foi você que escolheu esse caminho, o
do crime e claro, cruzou o meu de policial, que te acertei em cheio, você e
dezenas de outros e não me arrependo!
<Paciente>
Seu FDP eu que queria poder sentar pra ir ai quebrar sua cara, seu policial
escroto!
No meio
da discussão chegou o enfermeiro, junto com o segurança e pediu pra nos
acalmarmos, o segurança saiu tocando minha cadeira dali e pedindo pra eu ter
calma, porque aquele não era o único bandido que tinha ali dentro e que eu
teria de ter muita calma com eles, estava vendo que minha estadia ali seria
longa...
Continua...