Uma coisa
que observei ao sair para a escola é que o filho de pessoas que não tem
deficiência choram ao ir à escola, eu realmente não intendo isso, porque a
escola pra mim é como se fosse a extensão de minha casa, lá eu brinco, pinto,
conheço novos coleguinhas, realmente amo minha escola, principalmente por ela
ser acessível!
Muitos
anos se passaram, as brincadeiras passaram a ser matérias, fiquei muito triste
porque muitos dos meus amiguinhos que tem deficiência intelectual não conseguiram
seguir em frente por conta de duas limitações, as turmas que eram enormes ao
longo dos anos tiveram de ser unidas pra formar turmas cada vez menores devido
ao avanço das séries de ensino.
Uma das
coisas que me transtornava era quando as pessoas se dirigiam a minha mãe, como
se eu não pudesse responder, com perguntas tipo: Que lindo ele fardado, ele
estuda?
Eu sempre
respondia dizendo que além de estudar eu também falava e que me perguntassem as
coisas que eu mesmo respondia!
Minha
vida escolar foi ótima, até terminar o ensino fundamental, em minha cidade não
havia escola com ensino médio para pessoas com deficiência, eu sempre fui um
bom aluno, totalmente dedicado ao estudo, tirei as melhores notas de todo o colégio,
tive atenção especial de todos no colégio por conta disso, eu me sentia muito
especial.
Por não
encontrar uma escola adaptada, meus pais decidiram me matricular em uma escola
do ensino regular médio, quando as aulas começaram, meus tormentos também
começaram, primeiro porque a escola não tinha nenhuma rampa, depois porque
todos olharam pra mim, como se eu fosse um alienígena!
Nesse
período foi quando comecei a sofrer o preconceito na pele, os alunos não conversavam
comigo, pelo contrário, me chamavam de aleijadinho, sorriam de mim o tempo
todo, fiquei muito triste nos primeiros meses de aula, isso se refletiu em
minhas notas, que passaram das melhores para as piores da turma e uma das
piores do próprio colégio.
Meus pais
foram na direção, levaram minhas notas antigas, eles comentaram com a diretoria
sobre o preconceito que eu estava vivendo, a falta de acessibilidade, todo o
terrorismo que eu vivia foi exposto à direção da escola, não parou por ai, meu
pai ficou tão revoltado que levou o caso à própria secretaria de educação do
estado.
Nesse
meio tempo um aluno veio falar comigo, Ricardo se mostrou totalmente diferente
dos outros, ele disse que viu os alunos zoarem da minha cara e ficou muito
irado com isso, conversamos um monte, contei pra ele como foi minha vida até
entrar naquela escola, nos tornamos bons amigos e passávamos boa parte do tempo
juntos.
Continua...
Nenhum comentário:
Postar um comentário