sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Conto 0004 Motoboy versão 2.0


Consegui vaga em um hospital de reabilitação, o bom de morar em uma grande metrópole é ter acesso fácil à saúde, não aguentava de ansiedade para entrar naquele hospital, todo mundo dizia na internet que depois dele minha vida mudaria completamente, realmente espero isso, não aguento mais ser tratado como bebê pelos meus pais, eu sei que eles fazem por amor, mas, não gosto disso, eu sempre fui independente.
O dia chegou, ao chegar no hospital, vi aqueles tantos de cadeirantes, parecia que eu tinha chegado ao paraíso, todos me cumprimentavam sorridentes, gostei da atmosfera daquele lugar, ao chegar no consultório do médico fiquei pasmo, tinham umas 8 pessoas lá dentro, depois descobri que cada um ali representava uma profissão, médico, enfermeiro, fisioterapeuta, psicólogo... Nossa, era um sonho, nunca tinha visto hospital público como aquele.

Lá eles disseram que eu ia aprender a me virar sozinho, que eles teriam de fazer uma bateria de exames pra ter um diagnóstico melhor de minha lesão medular, confesso que me sentia um bife na chapa, vira pra um lado, vira pro outro, os equipamentos todos modernos, parecia hospital particular, nunca tinha conhecido um hospital público no Brasil como aquele, logo soube que eles eram referência planetária em reabilitação.

Uma das minhas principais dúvidas era como eu faria sexo e se eu poderia fazer isso, então tivemos uma aula de sexologia, fiquei impressionado, a sexóloga disse que temos várias áreas erógenas no corpo e que deveríamos explorá-las, eu nunca tinha parado pra pensar nisso, simplesmente era colocar o órgão dentro e pronto, só que agora ele não funcionava mais e eu me perguntava como faria então?

As respostas logo vieram que eu teria de ter uma companheira que gostasse de mim, quando isso acontecesse eu saberia como fazer e como eu arrumaria uma companheira? Quem iria me querer em uma cadeira de rodas? Essas dúvidas roíam em minha cabeça e não havia resposta pra isso, a sexóloga disse que um dia aconteceria naturalmente, pra eu não me preocupar com isso, se não iria entrar em surto e seria pior.

No hospital conheci centenas de outras pessoas, dentre elas Ana, uma cadeirante do interior, caiu de um cavalo, ela era muito linda, mas, tinha uma tristeza no olhar, eu comecei a puxar assunto com ela e ela conversava poucas palavras, a maioria monossílabas, a família dela era muito rica, produtores agrícolas e ela se dizia amaldiçoada, pois com todo dinheiro do mundo, ela não conseguiria voltar a andar.

Eu tentava alegrá-la de todas as formas, contava piadas, falava besteira e com o tempo pude perceber que ela estava começando a mudar. Nós podíamos sair final de semana no hospital, sexta à noite e voltar na segunda, certo dia Ana me perguntou se eu já tinha ido pra alguma balada e eu disse que não, ela perguntou se eu sairia com ela, disse a ela que eu esperava o dia que isso aconteceria, mas, que eu que iria chama-la pra sair, confesso que fiquei surpreso, combinamos então de sair na sexta.

Quando sexta em fim chegou, eu não conseguia controlar a ansiedade, não sabia que roupa vestir, nem que perfume usar, então na hora marcada, nos encontramos na saída do hospital, Ana estava linda e muito cheirosa, pedimos um taxi então e seguimos pra uma balada que ela havia escolhido, era um lugar onde ela sempre ia antes do acidente, ao chegar no local, nos deparamos com alguns obstáculos, degraus, mas, os seguranças logo nos ajudaram a passar por eles, muito educados e prestativos.

Uma coisa que me perturbou foi passar pela multidão, a balada estava lotada e pra passar de um lugar ao outro era uma dificuldade enorme ficar pedindo pras pessoas saírem do meio, quando andava nunca tinha pensado o quanto isso fácil e hoje tão difícil, por fim Ana que também estava muito irritada com tudo aquilo, foi na gerencia da balada e pediu que fossemos levados até a área VIP, onde tinham menos pessoas e lá foi onde ficamos mais a vontade.

Ana entrou em paranoia dizendo como era diferente quando ela andava e eu dizendo que aquilo era passado, que estávamos ali pra nos divertir, justamente pra não lembrar do passado, segurei as mãos dela, olhei bem no fundo de seus olhos e então comecei a sorrir, dizendo a ela que queria beijá-la, mas, visto que os dois éramos cadeirantes, não sabia como fazer, ela então colocou a cadeira dela perto da minha e demos nosso primeiro beijo.

Os minutos depois disso parecem que não passavam mais, ficamos ali, dançando como podíamos, tomando uns drinques, nos beijando acariciando, confesso que estava adorando aquilo tudo, era um universo novo que estava diante dos meus olhos, eu pensava que nunca arrumaria uma companheira e quando menos espero, já estávamos ali e eu me perguntando se aquilo não era um sonho.

Quando olhamos pras janelas do local, o dia já estava amanhecendo, passou muito rápido, confesso que aquilo parecia um conto de fadas, a noite foi super agradável, Ana era uma companhia perfeita, eu estava muito feliz porque consegui tirar aquele semblante triste de seu rosto e no lugar disso, muitas gargalhadas e sorrisos, a noite foi perfeita, chegando a hora de sair, ela me fez uma proposta indecorosa, disse que não estava afim de voltar pro hospital e perguntou se eu não queria ir pra um motel, fiquei pasmo, sem reação, mas, aceitei.

Ao chegar ao motel, Ana disse que não teria vergonha de mim, porque eu estava na mesma situação dela, no hospital eles nos ensinaram a fazer cateterismo vesical, que é retirar o xixi da bexiga através de uma sonda e um saco coletor, pra nos livrar daquele saco horrível pendurado na cadeira, Ana entrou no banheiro e foi fazer o CAT que é a abreviação de cateterismo, depois foi no rumo da hidromassagem e começou a tirar a roupa, eu então foi ao banheiro fazer o meu CAT.

Quando sai do banheiro me deparei com uma cena que jamais vou esquecer, Ana na hidro com uma garrafa de champanhe aberta, brincando com as espumas feliz da vida, parecia uma criança no playground, comecei a tirar minha roupa e depois entrei na hidro junto com Ana, fiquei meio envergonhado, porque mal nos conhecíamos e já estávamos ali, em um motel, pelados na hidromassagem, dei uns goles no champanhe e ficamos ali, sorrindo.

Começamos a nos beijar e acariciar, a coisa foi ficando séria e eu ficando nervoso, me perguntando como seria, me dava calafrios só em pensar, estar em uma hidro de um motel, depois de tudo o que aconteceu comigo, era tudo o que eu menos imaginava, a coisa foi ficando quente, aquela água tinha alguma coisa que me deixava cada vez mais excitado, minha mão corria pelo corpo dela e eu realmente não sei como iria acontecer, fui me lembrando aos poucos o que a sexóloga tinha nos dito no hospital e comecei a colocar em prática.

Continua...

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