Trafegando com minha cadeira pelo meio da rua, os motoristas começavam a gritar pra eu ir pra calçada e eu só os xingava, porque não tinha como eu subir na calçada sem rampas, quando finalmente encontrei uma rampa, subi para a calçada, ao chegar no final da quadra tive uma surpresa decepcionante, não havia rampa para descer da calçada na esquina e muito menos na outra pra subir ao outro lado, fiquei ali parado sem reação, decidi descer da calçada na força bruta, com muito esforço consegui.
Cheguei à parada de ônibus e decidi ligar para a prefeitura e contar toda a história, queria um numero de protocolo com minha reclamação para posteriormente consultar meu advogado a respeito, após ligar para a prefeitura, chegou o ônibus e para minha surpresa, no ônibus não havia elevador, o que me deixou furioso, peguei o numero da empresa no ônibus e liguei pra reclamar, reclamei e peguei mais um número de protocolo, passou-se mais uma hora e quando o ônibus chegou à parada, o elevador estava quebrado, daquele ponto em diante a ira tomou conta de mim.
Já haviam se passado duas horas e mais um ônibus chegou esse tinha elevador, quando entrei no ônibus notei que quatro jovens estavam no lugar reservado para pessoas com deficiência, pedi gentilmente que eles me cedessem o lugar, eles estavam com headphones e nem deram atenção ao meu pedido, nesse momento eu surtei, gritei em alto e bom tom que se eles não saíssem do local eu ligaria pra polícia e pediria ao motorista que fosse direto pra delegacia, pois meu direito estava sendo violado, eles prontamente saíram do lugar e eu fixei a cadeira continuando o trajeto.
Eu nunca ando de ônibus, sempre tive carro e pouco tempo depois do meu acidente já comecei a dirigir, sinceramente eu pensava que seria fácil ir de ônibus pra casa, pensei errado! Jamais imaginei como é difícil a vida de quem depende do transporte público nesse país, ao descer próximo da minha casa, foi a mesma história, sem rampas, sem acesso e mais uma vez eu andando pelo meio da rua com os motoristas me chamando de maluco, etc, etc... Eles não sabem o que dizem!
Quando cheguei em casa liguei pra todos os jornais da cidade, até encontrar um que decidiu publicar minha matéria, no dia seguinte fizemos o mesmo percurso, só que desta vez com um câmera filmando e outro fotografando tudo, eu repetindo mais uma vez todos os passos da via crucis. O meu carro eu fui buscar no posto de lavagem, só que dessa vez, como de costume fui de taxi, é uma vergonha o transporte público do nosso país e as vias públicas também, mas, eles que me aguardem, irão pagar cada centavo do meu sofrimento.
Continua...
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