domingo, 10 de março de 2013

Conto 0008 O cadeirante psicótico


Qual meu nome? Não te interessa! Eu apenas estou de saco cheio dessa sociedade hipócrita e preconceituosa! Quando me tornei cadeirante a primeira pergunta que todo imbecil fazia era: E o bilau funciona? Nem respeito pelo sofrimento da pessoa, depois vem as outras: E agora o que você vai fazer da vida? Vender bala no sinal? Eu gostava de perguntar a eles em qual zona a mãe deles trabalhava, foda-se não quer que eu te trate mal, não me venha com perguntas idiotas!

O que mais me deixa puto é entrar em um estacionamento e está lá, o carro de todos os animais irracionais que não sabem ler a droga da placa que diz: Uso exclusivo para pessoas com deficiência. É pessoa com deficiência e não se enquadra nesse grupo pessoas com deficiência de caráter! Depois de um dia, o dia que eu surtei, resolvi me vingar de todos esses fdp, nunca mais deixaria isso barato.

Então eu estava manobrando para parar em minha vaga reservada, linda, toda pintada conforme a lei, quando menos espero, vem um animal e para na vaga, eu disse: Ei eu iria estacionar meu carro ai, você não viu? Então ele respondeu: Problema teu! Nossa aquilo me revoltou tão intimamente que eu resolvi comprar a briga, parei meu carro do lado do dele, montei minha cadeira, desci do meu carro, peguei minha caneta e sequei todos os pneus do carro dele, depois entrei em meu carro e fiquei esperando o meliante sair da loja.

Passaram-se algumas horas ele saiu olhou os pneus e ficou puto, eu chamei sua atenção, disse a ele que eu tinha secado os pneus e que agora meu problema, era problema dele! Eu sai cantando pneu no carro, com aquela sensação maravilhosa que não sei descrever, eu pensava que finalmente tinha dado o troco, pensei que a anos eu queria fazer aquilo, eu só não sabia que isso era totalmente viciante.

Certo dia aquele meu vizinho fdp que sempre estacionava o carro em cima da guia de minha vaga, embora já tivesse reclamado com ele, explicando que eu jamais poderia montar minha cadeira daquele jeito, visto que o carro dele ocupava a guia, ele simplesmente me ignorava, naquele dia ele lembraria de mim, colei meu carro no carro dele, e sai empurrando o carro dele dentro do estacionamento até ficar bem no meio da passagem, depois voltei a minha vaga e estacionei o carro como faço normalmente.

Passaram-se umas horas e a campainha tocou, era ele, eu já o esperava com meu spray de pimenta e meu eletro choque, quando ele abriu a porta começou a gritar porque eu tinha feito aquilo e eu não resisti, joguei o spray de pimenta em seus olhos, quando ele perdeu os sentidos visuais eu peguei o eletrochoque e dei um choque em sua coluna, ele não mechia mais as pernas e eu perguntei se ele estava gostando de se sentir como eu me sinto, sem sentir da cintura pra baixo, ele ficou desesperado e eu dei outro choque na coluna dele, só pra garantir que ele não se levantaria, fechei minha porta e liguei pra polícia dizendo que tinha um agressor em minha porta.

A policia chegou e ele ainda não conseguia se levantar, eu disse pra eles que o meliante tinha estacionado em minha vaga e que o único modo que eu encontrei de poder parar meu carro foi empurrando o dele pra fora da guia da vaga e logo depois estacionar meu carro e descer. Após isso o cara foi em minha casa tirar satisfação comigo e tentou me agredir e eu joguei spray de pimenta nele e depois dei o choque e entrei em casa me trancando e ligando pra polícia, pois estava com medo que ele me agredisse de fato.

O policial ficou muito irado dele querer tirar satisfação com um deficiente, mas como ele não teria me agredido não havia porque prendê-lo, porém registrou o BO e colocou que se ele tentasse de novo seria preso, perguntou se ele havia entendido, ele disse que sim, o policial tentou levantá-lo e eu entrei em casa, fui correndo pro meu quarto e comecei a sorrir incontrolavelmente, realmente estava gostando de dar o troco neles.

Decidi que iria me armar pra lutar contra esses ignóbeis, visto que por ser cadeirante eu tenho uma enorme desvantagem tática em relação a eles já armado a balança penderia mais para o meu lado. Fui ao clube de tiro que meu amigo tanto me chamara nos últimos anos, saí de lá orientado e decidido a comprar as armas e treinar para poder me defender destes prováveis agressores.

Depois de um tempo treinando, aprendi como usar as armas, o problema foi que eu gostei de atirar, quando eu olhava pro alvo eu via a cara do meu vizinha babaca e de todos aqueles ignorantes que havia me perturbado durante toda a vida, no esporte eu me encontrei, eu encontrei um novo sentido pra viver, mas, ainda tinha muito pra fazer.

Comecei a entrar nos shoppingcenters e ligar pra policia vir multar todos os carros, minha vingança contra a sociedade estava apenas começando, eles ainda sofreriam comigo! Furar pneus de carros em vagas exclusivas era rotina, dezenas de denuncias por dia era outra rotina e aos poucos eu ia moldando a sociedade, eles já tinham medo de parar nas vagas, porém, confesso que comecei a gostar de lutar por meus direitos.

Fui na associação de deficientes em minha cidade e me coloquei a disposição deles para ajudar, ele começaram a me levar em uma série de reuniões, de conselhos e organizações, aos poucos fui aprendendo, logo já me manifestava nas reuniões, de modo que aquilo já consumia boa parte do meu tempo, mas, longe dali eu continuava com minhas pequenas ações terroristas, isso eu não conseguia parar de fazer...

Continua...

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